ROTINA DO PACIENTE RENAL

 


 


A DOENÇA RENAL


 


 Hoje, ano 2007, existem no Brasil 86.000 pacientes renais, e conforme estatísticas do Ministério da Saúde, a cada ano aumenta em mais 10% (dez por cento) o número de pessoas que se tornam renais crônicos.


 


Há um estudo da Sociedade Brasileira de Nefrologia que atualmente, 100 mil pessoas já deveriam estar sendo acompanhadas por médicos nefrologistas, por estarem prestes a serem incluídos no programa da Terapia Renal Substitutiva - TRS.


 


São várias as causas da insuficiência renal: glomérulo nefrite, Gota, Rins policísticos, hipertensão severa, pessoas portadoras de síndromes genéticas, diabetes, infecção dos rins, pedras nos rins e outras obstruções.


 


Normalmente, até que os rins percam 75% de suas funções, a pessoa pode ter uma vida normal.


 


Os sintomas da insuficiência renal variam de acordo com a doença, mas quando os rins estão trabalhando com insuficiência nas suas funções, aparecem complicações tais como: retenção de líquido no corpo, náuseas, ardor ao urinar, anemia, cansaço, odor forte no hálito, e falta de apetite além da urina ser sempre branca e com bastante espuma.


 


Para que o paciente renal entre em programa de hemodiálise, é preciso que ele faça dois exames: ultra-sonografia dos rins e um exame chamado “proteinúria de 24 horas”.


 


Este exame mostra a quantidade de proteínas que os rins estão liberando na urina, e se o valor encontrado for menor que 10ml/m., fica automaticamente constatada a insuficiência renal crônica, sem que haja, necessidade de justificativa junto à secretaria Estadual de Saúde para inserir o paciente no programa hemodialítico.


 


Para que o paciente renal comece a realizar seu tratamento, é preciso que o médico nefrologista informe ao paciente os tipos de tratamento que existem a sua disposição.


 


Todo tratamento renal é oferecido pela rede SUS e coberto também por alguns planos de saúde, inclusive há a gratuidade dos medicamentos inerentes ao tratamento e são distribuídos pelas farmácias de medicamentos especiais.


 


São três os tipos de tratamento: Hemodiálise, Diálise e Transplante Renal. O tempo de vida útil do paciente incluso na insuficiência renal é de 25 anos, desde que ele esteja sempre seguindo as orientações médicas e tenha cuidado no seu tratamento.


 


Nos últimos dez anos, todo tratamento renal tem evoluído muito no Brasil. Novos equipamentos com tecnologia avançada, nova legislação e as mudanças dos equipamentos para tratar a água da hemodiálise têm trazido também mais segurança e conforto ao paciente.


 


Diferentemente de quando há 21 anos comecei meu tratamento. Naquela época, os equipamentos eram obsoletos, e não havia um regulamento técnico para a TRS - Terapia Renal Substitutiva.


 


Após a tragédia da hemodiálise de Caruaru, no ano de 1996, onde 73 pacientes renais foram a óbito contaminados pela microcystina LR e 50 outros ficaram com seqüelas graves, foi que surgiu a portaria 20/82 MS de 01 de janeiro de 2000 que regulamentou toda a Terapia Renal Substitutiva. E com o surgimento das associações dos pacientes renais em vários Estados, começaram a existir mais cobranças referentes às melhorias do nosso tratamento.


 


Hoje, podemos dizer que no Brasil, temos um tratamento qualificado e de primeiro mundo, faltando ainda melhorar muito na capacitação profissional, principalmente no quadro dos Técnicos de Enfermagem que lidam diretamente com o paciente renal, me refiro principalmente, a falta de cursos profissionalizantes e de capacitação técnica.


 


A seguir, passo a expor o que significa e como se processa cada um dos tratamentos para os pacientes crôni


HEMODIÁLISE:


 


A hemodiálise é um procedimento que filtra o sangue.


 


Através da hemodiálise são retiradas do sangue substâncias que quando em excesso trazem prejuízos ao corpo, como a uréia, potássio, sódio e água. É feito através de uma fístula artério-venosa. O tratamento é feito em clínicas especializadas, por três vezes na semana e em três turnos: manhã, tarde e noite, sendo uma turma nas terças, quintas e sábados e outra turma nas segundas, quartas e sextas e cada turno tem a duração de quatro horas.


 


Na hemodiálise são utilizados os seguintes equipamentos:


 


- Máquina de hemodiálise;


- Capilar ou dialisador;


- Linha artério-venosa;


- Agulhas;


- Banho Dialisador.


- Fístula – cirurgia feita no braço do paciente. (onde se liga uma veia a uma artéria)


 


O paciente renal inserido no programa hemodialítico tem várias clínicas a sua disposição, deve escolher aquela que ele achar melhor para seu deslocamento e a que tenha nas suas dependências uma estrutura que lhe garanta uma melhor assistência médica hospitalar.


 


É importante o paciente sempre estar atento ao seu tratamento, entender os porquês dos procedimentos médicos e procurar se conhecer enquanto estiver dependendo de uma máquina para viver.


 


 Todo paciente deve se integrar nas associações de pacientes renais para conhecer seus direitos e ajudar para que seu tratamento tenha mais qualidade e conquistas. Deve lembrar que uma Associação forte e participativa trás muitas vantagens e conquistas para o paciente renal como um todo.  Participe.


  


CAPÍTULO IVX


 


A MÁQUINA:


 


A máquina de proporção possui um sistema digitalizado, não existindo contato manual, pois a dosagem das substâncias para a composição da solução utilizada no tratamento é feita automaticamente. A máquina adota um sistema de tratamento da água por osmose reversa, o que dá qualidade e eficiência muito altas. Com isso, as chances de contaminação são bem menores do que no sistema utilizado antes da tragédia de Caruaru. No entanto, é preciso realizar a manutenção de todo o sistema de tratamento da água utilizada na máquina constantemente para não haver contaminação.


Ela tem um sistema automático, onde qualquer substancia estranha no sangue do paciente trava a máquina e toca um alarme.


Por exemplo: se o paciente precisar de soro, é dado um comando pelo técnico de enfermagem liberando a passagem do mesmo. Após ser concluído este procedimento, voltando à circulação do sangue pelas linhas que levam e trazem o sangue do paciente ao sistema, ela trava, sendo necessário que o técnico de enfermagem dê um novo comando para que ela volte a identificar o sangue.


A bomba que puxa o sangue para o sistema tem um fluxo de 400ml/m., o que quer dizer, que em 4 horas de hemodiálise todo o sangue do paciente passa pelo sistema 12 vezes.


Um rim trabalhando normalmente filtra o sangue do corpo humano 12 vezes por hora, o que quer dizer que em 24 horas o rim filtra 288 vezes todo o sangue, enquanto que na hemodiálise o paciente faz 3 (três) vezes por semana durante 4 horas, assim, tem seu sangue filtrado por semana apenas 36 vezes. Apesar dessa diferença o paciente renal pode levar uma vida normal.


Entre uma diálise e outra deve ser feita por 30 minutos à desinfecção da máquina, utilizando o seu sistema próprio. Este tempo é regulamentado por Portaria Ministerial e deve ser observado pelo pacien


CAPILAR OU DIALISADOR;


O dialisador é um filtro composto por capilares fabricados a partir de uma membrana biocompatível de polisulfona, inseridos em um cilindro provido de quatro orifícios. Dois desses orifícios servem de entrada e saída para uma solução parecida com o plasma sanguíneo, rica em cálcio e bicarbonato que passa por fora dos capilares.


 


O sangue que entra nos orifícios restantes para ser filtrado, passando pelo interior dos capilares, é rico em substâncias tóxicas como uréia e creatinina. No interior do dialisador acontece uma troca por difusão (é o um fenômeno de transporte de matéria em que um soluto é transportado devido aos movimentos das moléculas de um fluido. Estes movimentos fazem com que, do ponto de vista macroscópico, seja transportado soluto das zonas de concentração mais elevada para as zonas de concentração mais baixa), onde as substâncias tóxicas concentradas no sangue são trocadas pelas substâncias existentes no banho e o sangue limpo volta ao corpo do paciente.


 


Cada paciente tem uma caixa onde é guardado, separadamente, o dialisador (capilar) e que depois de usado, é levado para uma sala de “reuso”. O reuso é feito por um técnico de enfermagem, onde o capilar é higienizado e novamente guardado até a próxima diálise.


 


De acordo com a Portaria número 2042 do Ministério da Saúde, existem dois tipos de reprocessamento: manual e automático. No primeiro caso, o dialisador pode ser reprocessado até 12 vezes, no processo automático este número pode chegar a 20 vezes.


 


Em alguns paises do primeiro mundo o dialisador é descartável, mas no Brasil, isto se torna inviável pelo seu alto custo. O SUS reembolsa as clínicas em média R$ 110,00 (cento e dez reais) por capilar e são gastos anualmente em média R$ 17.000,00 (dezessete mil reais) por paciente.


  


LINHA ARTÉRIO-VENOSA;


 


É o dispositivo que compõe o sistema de Hemodiálise: Constitui de uma linha venosa (Azul) e uma linha arterial (Vermelha) e mais um cata bolhas para evitar que entre ar na corrente sanguínea. Cada linha tem as suas características e seu desempenho. São fabricadas com tecnologia de ponta, onde o sangue do paciente passa em direção ao capilar e não poderá ter, em hipótese alguma, nenhum tipo de contaminação. Para isso, são esterilizados com raios, gamas ou gases óxidos de etileno e são siliconizadas para facilitar o fluxo de sangue, tudo para não colocar em risco a vida do paciente por contaminação. O seu reuso obedece a determinação do Ministério da Saúde. Nela é acoplada a agulha que é puncionada no braço do paciente onde tem a fístula. Em momento nenhum do tratamento as extremidades devem ficar abertas, para se evitar contaminação. Em caso de ruptura, deve ser trocado o conjunto completo e não apenas a linha que rompeu.


 


 


 


AGULHAS:


As agulhas são grossas, esterilizadas, descartáveis e servem para dar passagem do sangue para a linha e para o capilar, sendo proibido seu reuso, e medem entre 12 mm. a 22 mm. de diâmetro, dependendo seu uso, da capacidade da fístula do paciente.


 No uso inicial, usar uma agulha pequena (calibre 16)  e baixo fluxo de sangue.


Em acessos maduros, as agulhas maiores calibre 15 são necessárias para suportar a velocidade necessária de fluxo de sangue para uma diálise de alta eficiência (mais de 350 ml/minuto).


De início, as primeiras punções no braço da fístula dói um pouco, mas depois o paciente acostuma. Deve-se evitar a punção sempre no mesmo lugar, sendo aconselhado que o paciente esteja sempre mudando o local onde a nova punção será efetuada.


Há uma pomada chamada “Emla” que anestesia o local onde o paciente vai receber a punção e ela deve ser aplicada pelo menos 40 minutos antes de ele se dirigir para sala de hemodiálise.


O grande problema com os acessos venosos para a hemodiálise, é encontrado em pacientes diabéticos, cardiopatas, porém, do ponto de vista prático normalmente deve-se seguir a orientação do cirurgião vascular onde iniciar a punções para início de tratamento.


 


 BANHO DIALISADOR;


A solução de diálise contém solutos (Na, K, bicarbonato, Mg. CL, acetato, Glicose, p( Co2) que irão entrar em equilíbrio com o sangue durante o processo dialítico, mantendo assim a concentração sérica desses solutos dentro dos limites normais.


É importante ressaltar que a água usada durante a diálise deve ser tratada e sua qualidade monitorada regularmente. A presença de compostos orgânicos (bactérias) e inorgânicos (AL, Flúor Cloramina etc.) podem causar sintomas durante a hemodiálise ou induzir alterações metabólicas importantes. Tais como: dor de cabeça, náuseas, mal estar geral, formigamento no corpo, e dormência nas mãos.


A máquina de hemodiálise mantém controle total sobre o *dialisato, como nível de condutívidade e temperatura da solução, afim de evitar possíveis complicações durante o tratamento.


 


 FÍSTULA ARTERIO-VENOSA


 


É uma ligação feita através de cirurgia entre uma veia e uma artéria no braço do paciente para facilitar a dilatação da veia onde vão ser puncionadas as agulhas para dar passagem ao sangue do paciente para o sistema no tratamento hemodialítico.


Esta cirurgia é feita por um cirurgião vascular e deve ser escolhido um local onde exista melhor acesso e garanta maior fluxo sanguíneo. Seu uso na hemodiálise só deve ser feito após 2 (dois) meses da cirurgia, e deve ter a orientação do médico cirurgião onde devem ser feitas as primeiras punções.


São necessários vários cuidados para que a fístula funcione bem e dure muito tempo: Não dormir em cima do braço onde foi feita a fístula, exercitar-se apertando uma bola de borracha na mão, para fortalecer a musculatura e melhorar o fluxo da fístula, não pegar peso com o braço da fístula, não fazer esforço com o braço, evitar levar pancadas em cima da fístula.


O paciente renal em programa de hemodiálise deve sempre estar verificando se o fluxo da fístula está normal. Havendo qualquer alteração deve procurar imediatamente ajuda médica. Alguns pacientes têm dificuldades para manter a fístula funcionando, estes devem ter maior cuidado, visto que a fístula é o acesso para uma boa hemodiálise.


Quando o paciente perde a fístula ele tem que fazer hemodiálise através de um cateter com duplo lúmen que é colocado na veia do pescoço ou na veia da perna, até que possa fazer outra fístula. Este tipo de acesso é perigoso devido a alta incidência de infecção. O que trás inúmeras conseqüências e riscos para o paciente renal.


 


DIÁLISE PERITONEAL


A Diálise Peritoneal é outro tipo de tratamento oferecido ao paciente renal.


É feito através do peritônio, onde é colocado um cateter para dar passagem a uma solução dialisadora. Neste tratamento o paciente fica liberado para comer quase tudo, visto que ele fica dializado 24 horas por dia.


É feito da seguinte maneira: Através do cateter implantado no peritônio (abdômen do paciente), é feita uma conexão com uma bolsa cheia de uma solução dialisadora. Esta é infudida para dentro do peritônio do paciente e após um tempo, prescrito pelo médico nefrologista, é drenado e descartado reiniciando novamente a infusão de uma outra bolsa.


Este tratamento é feito na casa do paciente e é necessário que o local onde for ser efetuado a troca das bolsas seja bem limpo e sem ventilação.


Há todo um processo de higienização na hora da troca da bolsa, e é necessário que sejam seguidas as orientações com extremo rigor para evitar a peritonite (infecção do peritônio), dependendo do grau da infecção o paciente pode perder o peritônio ou mesmo ter seqüelas graves, inclusive chagar ao óbito.


Com o avanço da tecnologia no tratamento renal, hoje há uma máquina que faz todo tratamento durante a noite, DPA – Diálise Peritoneal Automática, podendo o paciente se conectar ao sistema e durante a noite, em média oito horas, o paciente pode realizar sua diálise enquanto dorme. A máquina tem um sistema de alarme para que, se houver qualquer anormalidade, ela trava e toca uma sirene. Com essa nova invenção, foi verificado que um menor índice de infecção ocorre devido à segurança que a máquina oferece.


O paciente deve ter extremo cuidado com a higiene do local da saída do cateter do peritônio, devendo fazer o asseio com esmero cuidado. Principalmente deve sempre verificar se há secreção no mesmo, se houver procurar o médico imediatamente.


 


 TRANSPLANTE RENAL


O transplante Renal é um outro tipo de tratamento oferecido pala rede SUS. A cirurgia e os medicamentos são oferecidos gratuitamente ao paciente e seguem normas rigorosas para sua realização.


O enxerto de um rim num paciente renal segue uma rotina pré-determinada por legislação e ordem médica. É regulado pela Central de Transplantes onde todo o paciente desejoso de realizar o transplante deve se inscrever na mesma, para que oportunamente seja chamado para realizar o seu.


Em 2001, a Lei nº. 10.211extinguiu a doação presumida no Brasil e determinou que a doação com o doador cadáver só ocorreria com a autorização familiar, independente do desejo em vida, do potencial doador. Logo, os registros em documentos de identificação (RG) e Carteira Nacional de Habilitação, relativos à doação de órgãos deixaram de ter valor como forma de manifestação de vontade do potencial doador.


 


 


Lei Nº. 9.434/97


Capitulo I - Das Disposições Gerais


Art. 2º - A realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos ou parte do corpo humano só poderá ser realizada por estabelecimento de saúde, público ou privado, e por equipes médico–cirúrgicas de remoção e transplante previamente autorizadas pelo órgão de gestão nacional do Sistema Único de Saúde.


Capitulo II - Da Disposição “Post  Mortem” de Tecidos, Órgãos e Partes do Corpo Humano para Fins de Transplante.


Art. 3º - A retirada “post mortem” de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano, destinados a transplantes ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.


Art. 8º - Após a retirada de parte do corpo, o cadáver será condignamente recomposto e entregue aos parentes do morto ou seus responsáveis legais para sepultamento.


 


Capitulo III - Da Disposição de Tecidos, Órgãos e Partes do Corpo Humano Vivo para Fins de Transplantes do Tratamento.


Art. 9º - É permitida a pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos ou parte do próprio corpo vivo para fins de transplante ou terapêuticos.


§ 3º - Só é permitida a doação referida neste artigo, quando se trata de órgãos duplos, de parte de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade. E não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental. E não cause mutilação ou deformação inaceitável e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável à pessoa receptora.


Capitulo IV - Das Disposições Complementares


Art. 13º - É obrigatório, para todos os estabelecimentos de saúde, notificar, às centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos da unidade federada onde ocorrer, o diagnóstico de morte encefálica feito em pacientes por eles atendidos.


 


Lei Nº. 10.211/01


Capítulo I


Art. 4º - A retirada de tecidos, órgãos e parte do corpo de pessoas falecidas, para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida à linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau, inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.


Art. 2º - As manifestações de vontade relativas à retirada “post mortem” de tecidos, órgãos e partes, constantes da Carteira de Identidade Civil e da Carteira Nacional de Habilitação, perdem sua validade a partir de 22 de Dezembro de 2000.


 








TODAS AS RELIGIÕES APÓIAM A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS.


Cristãos, mulçumanos, judeus, budistas. Não importa o Deus nem o profeta: as religiões apóiam tanto a doação como o transplante, considerados como um ato de amor ao próximo. A postura das religiões – inclusive do Espiritismo – diante da doação de órgãos é o tema principal deste informativo.


Católicos Romanos – o primeiro transplante da história da humanidade foi bíblico, feito por dois santos da Igreja Católica Apostólica Romana, no século II. De acordo com a bíblia, São Cosme e Damião, operaram o sacristão de uma igreja na Sicília, que teve uma das pernas amputadas por causa de uma gangrena. Os dois santos foram ao cemitério da localidade e o único cadáver disponível foi de um negro etíope. O transplante foi feito com sucesso e o sacristão passou o resto da vida com uma perna de cada cor. Doar órgão, para os Católicos Romanos, é um ato profundamente cristão.


 


Católicos Ortodoxos – dissidentes do catolicismo romano, os Ortodoxos consideram inaceitável a venda de órgão. Mas, em relação à doação, consideram uma opção individual, já que não há nenhum problema de ordem religiosa. A Igreja Ortodoxa Grega, recentemente, foi mais além e adotou uma postura favorável à doação de órgãos para transplantes.


 


Protestantes – “tudo aquilo que pode ajudar a remediar situações de dor, angústia e miséria é, para nós, bom”. Estas palavras do líder da Igreja Reforma Episcopal da Espanha, bispo Arturo Sánchez, definem a postura das diversas correntes do protestantismo. Os protestantes são a favor da doação e do transplante, mas radicalmente contra a venda de órgãos. Sobre isso, define o bispo Arturo Sánchez: “É triste que a esta altura da civilização tal nível de exploração e especulação para com o ser humano”. 


 


Testemunha de Jeová – os Testemunha de Jeová não aceitam a transfusão de sangue mas têm uma atitude diferente em relação a doação e transplante. Os seguidores dessa corrente do protestantismo consideram que, neste caso, não devem se guiar por preceitos religiosos e sim de acordo com a consciência de cada um.Os Testemunhas de Jeová aceitam transplante, desde que não haja transfusão de sangue de um corpo para outro. Por isso no caso de córnea não existe nenhum impedimento de ordem religiosa.


 


Evangélicos – para os Evangélicos, a doação de órgãos é um ato de amor, sempre generoso. Mas desde que seja voluntário. Os Pastores Evangélicos defendem fundamentalmente, a liberdade de consciência. A doação pode ser considerada um tema relacionado com as implicações de toda uma sociedade e, como tal, diante dessa questão – a doação – os pastores se pronunciam favoravelmente. 


 


Judeus – A doação e o transplante são combatidos pelos judeus ortodoxos, mas o Estado de Israel tem uma prática inversa: com exceção do Hospital Religioso Shaare Tzedek, de Jerusalém, todos os outros hospitais fazem transplantes. A consciência de que doar órgão é importante parte do próprio governo israelense: sempre que um motorista tem que renovar a carteira de habilitação, recebe em casa, junto com os formulários burocráticos, um documento pedindo que ele seja doador de órgãos. “É indiscutível que, quando se doa um órgão a um doente, se está fazendo Jésed, que quer dizer “um ato de justiça e misericórdia” – define o Rabino Pinjas Breneer.



        HÁ duas maneiras de receber um rim: de cadáver ou de doador vivo.


 


 RIM DE CADÁVER


Para que seja possível haver a doação de um rim de cadáver, é necessário que este esteja com morte celebral, diagnosticada por um médico neurocirurgião e comprovado através de vários exames que indiquem que o paciente é um provável doador. Cabe a família do doador autorizar a retirada do rim ou de outro órgão, sendo terminalmente proibido por lei a retirada sem esta autorização. Todo o processo de captação de órgão e doação é acompanhado por profissionais ligado a Central de Transplantes que é o órgão regulador do sistema de transplante de cada Estado, subordinado ao Ministério da Saúde.


É feito um exame chamado CROSS MASTER, efetuado num laboratório credenciado para realizar este procedimento, que mede a compatibilidade entre o doador (cadáver) e o receptor (paciente renal), e dependendo do resultado desta compatibilidade o paciente é informado que chegou sua vez de ser transplantado.


Neste tipo de transplante ocorre uma maior incidência de rejeição, embora com o surgimento de novas drogas e terapias pós-transplantes tem sido cada vez menor o índice de rejeição do rim recebido pelo organismo do paciente receptor.


Existem algumas contra indicações para realização do transplante renal:



  1. Pacientes portadores de sorologia positiva para HIV,

  2. Pacientes tratados de câncer,

  3. Portadores de doença pulmonar crônica grave,

  4. Pacientes com deficiência cardíaca grave e sem tratamento cirúrgico ou intervencionista

  5. Pacientes portadores de vasculopatia periférica grave, com sinais clínicos evidentes de insuficiência vascular periférica ou com estudo de Doppler mostrando lesões graves em artérias ilíacas,

  6. Pacientes portadores de cirrose hepática.
    (
    nível de evidência: B
    ) e outros.


 


O transplante de doador cadáver é incentivado através de campanhas realizadas pelas Centrais de Transplantes, Laboratórios ligados ao setor e Associações de Pacientes Renais. Devido a este esforço conjunto o Brasil hoje é um dos países que lidera em número e qualidade de transplantes. O dia 27 de setembro é intitulado “DIA DO DOADOR”.


O paciente renal transplantado deve ter a consciência que o transplante não é a cura definitiva, pois passa a depender de medicamentos contra rejeição e estes devem ser tomados com rigor nos horários e dosagens indicados pelo clínico transplantador.


Qualquer alteração na urina do paciente transplantado deve ser comunicada ao médico, bem como se estiver com alguma infecção. Havendo ocorrência de febre, por qualquer motivo que seja o paciente transplantado deve se dirigir imediatamente ao hospital que fez o transplante, mesmo que essa febre seja proveniente de uma simples gripe.


Deve ser evitado locais com grande aglomeração de gente, e ter cuidado com ambientes sujos e com odor desagradável. Deve-se evitar alimentos que não tragam segurança de sua qualidade. Beber sempre água mineral e evitar excesso de comidas carregadas tais como crustáceos, camarão, carne de porco e outras.


UM LEMBRETE MUITO ESPECIAL: lembre-se que entre milhares de pacientes necessitados de realizar o transplante você teve a sorte de ser o escolhido, portanto preserve ao MÁXIMO seu rim transplantado. Evite excessos e tome seus medicamentos regulamente. Pode haver rejeição a qualquer momento, e também por motivos alheios a sua vontade, portanto cuide-se 


 


 DOADOR VIVO


RIM DE DOADOR VIVO: Para que haja o transplante de rim de doador vivo é necessário em primeiro lugar que seja feito o exame de compatibilidade, exames laboratoriais e outros, do doador, para verificar se o mesmo pode clinicamente ser declarado doador.


Havendo qualquer suspeita de que o mesmo pode ter no futuro algum problema renal, ele é descartado imediatamente como provável doador.


De acordo com a legislação vigente no Brasil, só podem ser doadores vivos, parentes até 3º grau, e também é necessário que todo processo seja acompanhado pela Central de Transplantes.


A cirurgia da retirada do rim do doador vivo é feita somente por um médico transplantador credenciado junto ao sistema, e a anestesia é geral. Não ocorrendo anormalidades pós-transplante em 15 dias o doador já pode voltar a ter sua vida normal.


Quando um rim é retirado, para doação ou por algum problema clínico o outro normalmente aumenta de tamanho para suprir a falta do rim retirado.


Para que uma pessoa, não parente do receptor, seja doador, tem que ser seguido todo um trâmite judicial: sendo feita uma investigação e em seguida, dada uma autorização judicial para realização do mesmo. Neste caso a Central de Transplantes também acompanha todo processo de investigação e autorização.


Em transplantes entre doadores vivos, há uma menor rejeição devido ao maior índice de compatibilidade entre o doador e o receptor. O tempo de vida útil de um rim transplantado pode ultrapassar 20 (vinte anos) dependendo dos cuidados que o paciente transplantado tiver e da regularidade de suas taxas tais como: Creatinina, uréia e potássio. Todo mês o paciente transplantado deve fazer seu ambulatório, para estar verificando a normalidade do funcionamento do rim recebido.


Após o transplante bem sucedido, há uma melhoria na qualidade de vida do paciente, além de que, o paciente transplantado pode voltar a realizar tarefas que antes, enquanto estava no tratamento hemodialítico ou CAPD eram impossíveis para ele.


Importante lembrar que a graça de uma doação, é um gesto de amor, devendo o paciente receptor de um rim lembrar que graças a este gesto, ele pode ter uma melhor qualidade de vida. Devendo assim seguir todas as orientações médicas e cuidados para preservação de seu transplante.


Neste tipo de transplante também o Brasil tem avançado muito, e as campanhas efetuadas vem melhorando o número de transplantes realizados todo ano.


O slogan da campanha é - “DOAR É UM GESTO DE AMOR, DOE VIDA”.


 


 MEDICAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O PACIENTE RENAL EM PROGRAMA DE HEMODIÁLISE OU CAPD.


O paciente renal em programa de hemodiálise e diálise (CAPD e DPA) precisa tomar vários medicamentos e todos eles são distribuídos gratuitamente, devido ao alto custo, na farmácia de medicamentos especiais.


Os principais medicamentos distribuídos gratuitamente pela farmácia de medicamentos especiais são: Eritropoentina (hemax, Eprex e outros), ferrentina (Norupurum), carbonato de cálcio, Renagel (sevelemer), Acetato de cálcio, Vitamina D3 (calcitriol ou alfacalcidiol). Todos garantidos pela portaria 82/MS de janeiro de 2000.


ERITROPOENTINA – Hormônio fabricado pelo rim para formação dos glóbulos vermelhos. Também produzido em laboratório, normalmente é tomado através de injeção subcutânea (na pele) após termino da seção da hemodiálise. A posologia segue orientação médica.


FERRETINA – Ferro tomado duas vezes por semana, diluído em 200 ml de soro após o término da hemodiálise, duas vezes por mês. Controla a anemia do paciente renal.


CARBONATO DE CÁLCIO – É um quelante de phósforo. Serve para retirar o phósforo dos alimentos ricos em proteínas e normalmente são tomados 4 comprimidos após as refeições. Este medicamento tem como contra indicação a calcificação nas articulações e veias do paciente. 


RENAGEL – (sevelemer) – É outro quelante de phósforo, serve também para retirada do phósforo do alimento rico em proteínas e não tem contra indicação. Para que o paciente possa recebe-lo na farmácia de medicamentos especiais, é necessário que tenha tido pelo menos dois episódios de phósforo acima de 6,5, de acordo com a Portaria Ministerial.


O médico de ambulatório do paciente deve justificar a sua prescrição, e é  normalmente tomado nas refeições, sendo necessário dois compridos no meio de cada refeição. (6 comprimidos ao dia).


ACETATO DE CÁLCIO – Também é outro quelante de phósforo, que serve para retirar o phósforo dos alimentos ricos em proteínas, e normalmente são tomados 2 (dois) comprimidos após as refeições. Diferentemente do carbonato de Cálcio, ele tem uma incidência menor de cálcio na corrente sanguínea e articulações.


Estudos americanos mostram que o acetato de cálcio, em comparação com o carbonato de cálcio, libera apenas 16% de cálcio para as articulações e corrente sanguínea, Também está garantido por Portaria Ministerial.


VITAMINA D³ (CALCITRIOL) – Quando o rim deixa de funcionar, ele para de produzir a vitamina D³ responsável pelo controle e absorção do cálcio do organismo. A falta desta vitamina pode causar várias doenças ósseas: osseodistrofia, osteoporose e outras. Normalmente é tomado após a diálise uma vez por dia e deve ser seguida a prescrição médica.


 


Para que o paciente possa receber estes medicamentos, a clínica em que ele faz o tratamento deve enviar o cadastro do paciente com as posologias de cada medicamento. A cada três meses deve ser renovado o cadastro. Se por qualquer motivo o paciente deixar de ir receber o seu medicamento na farmácia de medicamentos especiais, é automaticamente excluído do programa devendo renovar seu cadastro para voltar a receber os mesmos.


  


MEDICAMENTOS NECESSÁRIOS PARA


O PACIENTE RENAL TRANSPLANTADO;


 


. Para evitar a rejeição do órgão transplantado é necessário o paciente tomar vários medicamentos imunossupressores


 


PREDNISONA - (OU METICOTEN) – É antiinflamatório esteróide; corticosteróide; imunossupressor e deve ser tomado pela manhã, conforme posologia médica. Têm várias contra indicações: aumento de apetite, aumento de gordura no rosto e nas costas, aparecimento de acne, retenção de líquido, hipertensão arterial e podendo desencadear diabetes mellitus.


 


AZATIOPRINA – (OU SANDIMUM)É um imunossupressor utilizado para evitar a rejeição do órgão transplantado, ele regula a atividade do sistema imunológico do paciente transplantado.


 


Pode ser administrado por via oral ou por via endovenosa. A via endovenosa é utilizada para a indução da imunossupressão, quando o doente é internado para transplantação ou ainda nos casos de internamento das doenças auto-imunes.


 


O doente retorna à via oral após a cirurgia e esta é praticamente a via utilizada após a alta do doente. Por via oral, o doente toma uma formulação em comprimidos, a dose está dependente do peso dos doentes e dos níveis de função do transplante.


 


A tomada deste medicamento deve ser muito rigorosa. Alterações na dose ou na freqüência da tomada devem ser orientados pelo médico assistente.


 


O principal efeito colateral da azatioprina é a supressão da atividade do sistema imunológico. Assim, os doentes sob esta medicação possuem um risco aumentado para cancros (da pele e do sangue) e infecções, nomeadamente pneumonias.


 


COSTICOSTERÓIDES - Corticóides são substâncias naturalmente produzidas pelo corpo humano. Possuem diversas ações que visam manter o organismo em equilíbrio entre o gasto e armazenamento de energia, assim como o volume de água corpórea e tensão da parede dos vasos sangüíneos. Também a sua posologia deve seguir orientação médica.


 


A ROTINA DO PACIENTE RENAL NA HEMODIÁLISE


 


É necessário entender toda rotina de um paciente renal no programa hemodialítico.


 


É necessário conhecer essas rotinas para que o paciente possa ter um bom tratamento e conseqüentemente um maior tempo de vida útil enquanto paciente renal e para que possa ter uma melhor auto-estima e levar uma vida com maior qualidade.


 


Tendo que ir três vezes por semana à clínica de hemodiálise, faz-se necessário explicar todo o funcionamento e toda a rotina de uma clínica de hemodiálise.


 


Normalmente são colocados à disposição do paciente, três turnos: sendo o primeiro das 6h30min da manhã até às 11h00min, o segundo turno das 11h30min até as 16h00min e finalmente o terceiro das 16h30min até às 20h30min. Em dias alternados: sendo uma turma nas segundas, quartas e sextas  e outra nas terças, quintas e sábados.


 


O paciente ao chegar à clínica de hemodiálise, assina uma ficha, tipo prontuário onde nela são anotadas todas as intercorrências durante seu tratamento. Antes de se dirigir para a sala da hemodiálise o paciente deve lavar bem o braço da fístula onde vai ser puncionado com as agulhas.


 


Ao entrar na sala, ele tem que se pesar para ver quanto vai precisar perder de peso durante a hemodiálise. Por exemplo: o seu peso seco, isto é, sem líquido acumulado no corpo, é de 60 kg., e ele chegou com 62 kg., então ele tem que perder naquela sessão 2 kg mais 800 mg que é mais ou menos o peso do lanche que ele recebe durante o tratamento.


 


Esses valores são anotados na ficha que ele assinou na entrada para que se tenha o controle e acompanhamento de seu tratamento. Em seguida é verificada a pressão antes da sua entrada na máquina e também anotada na ficha.


 


Em seguida ele deve se dirigir a sua máquina, onde está instalado seu capilar, devidamente identificado.


 


 O Técnico de enfermagem que vai acompanhá-lo durante a sessão da hemodiálise e conectá-lo na máquina deve antes de puncionar as agulhas no local adequado do braço da fístula, em primeiro lugar, limpar novamente com álcool e só aí conectá-lo ao sistema.


 


É importante que o paciente informe se a agulha conectada no seu braço está causando algum desconforto. Às vezes ocorre dela ficar colada na parede lateral da veia e se isto ocorre pode haver uma ruptura, causando um hematoma e conseqüentemente haverá a perda daquela punção.


 


Quando isto ocorre a veia incha e o braço fica roxo, sendo necessário que  o paciente que ao chegar em casa, faça compressa de gelo no local e também passe uma pomada que melhore o hematoma.


 


Depois de ligar a bomba da máquina que vai puxar o sangue do paciente para o sistema, o técnico de enfermagem deve aplicar uma injeção de heparina no sistema para evitar a coagulação do sangue nas linhas e no capilar. Pois, se ocorrer a coagulação, o paciente vai perder todo o sangue que estava dentro do sistema bem como normalmente perde também o capilar.


 


É importante o paciente ficar atento para que não haja o esquecimento deste procedimento.


 


Durante as 04h, em que dura a sessão da hemodiálise, o paciente deve movimentar o braço que está conectado à máquina o mínimo possível para que a agulha não saia do lugar e não provoque um hematoma.


 


Entre um espaço e outro de aproximadamente 20 minutos, o técnico de enfermagem deve medir a pressão arterial para ver se o paciente está bem. Todas as intercorrências durante o tratamento devem ser anotadas na ficha do paciente renal para que fique registrada toda sua história clínica.


 


Após uma hora de tratamento o paciente recebe um lanche, visto que a máquina retira as toxinas, mas também, retira proteínas e sais minerais. Este lanche serve para deixar o paciente mais fortalecido durante a sessão da hemodiálise.


 


Enquanto estiver conectado na máquina o paciente renal pode comer quase tudo por que a máquina o está dialisando. Então é bom para aumentar sua auto - estima, que ele tome sucos, que normalmente não poderia tomar, bem como, coma algo que sinta vontade e não possa fora da máquina.


 


Enquanto o paciente estiver conectado no sistema, ele deve informar ao técnico de enfermagem qualquer anomalia que estiver sentindo. Pode ocorrer queda da pressão arterial, tontura, dor de cabeça, e quando perde muito peso, sentir câimbra.


 


A informação imediata ao profissional que está acompanhando é muito importante, visto que, quanto mais cedo houver o acompanhamento do médico mais fácil vai ser a solução do problema.


 


A máquina tem um alarme que é acionado toda vez que ela identifica um problema durante o tratamento. O técnico de enfermagem, nesse momento deve imediatamente verificar qual o problema que causou o alarme da máquina.


 


È aconselhável o paciente renal perguntar ao profissional o porquê do alarme. Quanto mais ele entender o funcionamento da máquina e sobre o seu tratamento, melhor para ele poder ajudar seu médico a tratá-lo de forma mais correta. E conseqüentemente ter uma melhor qualidade de vida.


 


Com o fim das quatro horas da hemodiálise, todo sangue do paciente é devolvido pelo sistema.


 


São retiradas as agulhas e como elas são grossas é necessário fazer uma compressa de gaze e colocar no local onde estava a agulha para ajudar a estancar o sangue.


 


Devido à fístula proporcionar uma maior velocidade do sangue no braço da fístula, é importante o paciente sair da máquina com uma compressa no local da punção e só retirar esta compressa pelo menos duas horas depois de terminada a sessão da hemodiálise.


 


Depois de desconectado do sistema é novamente medida a pressão arterial do paciente e ele deve novamente se pesar, para ver quanto naquela sessão, ele perdeu de peso. Tanto a pressão como o peso devem ser novamente anotados na sua ficha de hemodiálise.


 


Antes de sair da sala da hemodiálise ele deve tomar uma injeção de eritropoentina para manter seu nível de hematócrito bom e conseqüentemente não sofrer com a anemia. Essa injeção é aplicada na pele, ou seja, subcutânea. E duas vezes por mês também tomar uma injeção de Norupurum, que é uma injeção que contém ferro e também ajuda no tratamento da anemia. Essas duas injeções são aplicadas no paciente conforme indicação médica.


 


Devido à perda de sais minerais e proteínas, o paciente quando sai da sessão de hemodiálise fica um pouco fraco sendo aconselhável que não faça nenhum esforço físico até que sinta que recuperou suas energias.


 


Ao chegar a sua casa ele deve fazer um novo lanche para que fique mais fortalecido.


 


Na hora de dormir deve se lembrar que não pode deitar de forma nenhuma pressionando o braço da fístula. Ela é sua garantia de um bom tratamento, portanto tenha sempre muito cuidado.


 


Essa rotina deve ser seguida durante todas as sessões em que o paciente estiver na hemodiálise.


 


Uma vez por mês o paciente deve fazer seu ambulatório com o médico. De posse de todos os seus exames, o médico analisa como está evoluindo seu tratamento. As taxas de uréia, creatinina potássio e hematócrito são as mais avaliadas. É importante que o paciente colabore com seu médico de ambulatório informando a ele qualquer sintoma que esteja sentindo, bem como, faça as perguntas necessárias para entender o porquê destes sintomas.


 


Quanto mais o paciente entender seu tratamento, melhor ele vai evoluir para ter um bom tratamento e conseqüentemente menos complicações enquanto estiver dependendo da máquina para viver.


 


Como todo paciente renal deixa de urinar pela falta de funcionamento dos rins, ele deve observar com cuidado a quantidade de líquido que tomar entre uma sessão de hemodiálise e outra. É aconselhável que ele só tome nesse espaço de tempo no máximo 5% (cinco por cento) do total de seu peso seco.


 


Por exemplo: Digamos que seu peso seco, aquele anotado quando da sua saída da máquina de hemodiálise seja 60 kg., então só pode ter de líquido para chegar à próxima diálise 3 kg. Sendo que todo o alimento contém líquido, então isto não significa que esses 3 kg não são só de água, inclui os alimentos além da água que tomou entre esse espaço de tempo.


 


O excesso de peso para ser retirado pela máquina, além de forçar mais o coração, pode fazer com que o paciente venha a passar mal na máquina, como também, pode fazer com que o paciente venha a ter água no pulmão.


 


Isto ocorrendo terá que ser feita uma punção com uma agulha especial para retirada deste líquido e com certeza dói muito. Além de que pode trazer sérias complicações e risco para o paciente.


 


Uma dica boa para que o paciente não sofra com a sede que normalmente sente, é colocar algumas gotas de limão na água na hora de beber. O limão possui uma substancia que ajuda a diminuir o sentido da sede.


 


O paciente em programa de hemodiálise tem dois inimigos que podem levá-lo a sérias complicações, são eles: O sal e o Potássio.


 


O sal por aumentar a pressão arterial e dificultar a retirada do líquido enquanto estiver na máquina.


 


É aconselhável que só seja acrescido em sua alimentação apenas 5 (cinco) miligramas de sal, ou seja, uma colher de café peuqena por refeição.


 


O potássio porque pode levar o paciente a falecer. O primeiro sintoma que o paciente sente quando o potássio está alto é um formigamento no corpo ou uma dormência nas mãos. Se isto ocorrer, ele deve se dirigir para clínica de hemodiálise e procurar a enfermeira de plantão. Lá serão tomadas as devidas providências.


 


Normalmente há algumas restrições alimentares para o paciente renal. Justamente por conta destes dois sérios inimigos. É importante que o paciente siga corretamente as orientações de sua nutricionista, que está a sua disposição na própria clínica de hemodiálise.


 


É importante também salientar que cada paciente deve ser tratado de uma forma, porque alguns pacientes reagem de formas diferentes a um tratamento ou uma alimentação. Nunca se automedique nem coma algo, que não sabe se pode, só porque ouviu outro paciente dizer que fez e deu certo. As reações variam de paciente para paciente e certas reações podem trazer seriíssimas complicações e de difícil solução.


 


É muito comum alguns pacientes renais dizerem que comem de tudo, que não seguem as orientações da nutricionista, que isto ou aquilo não faz mal.


 


 O grande problema é o paciente ter a perfeita noção e controle de sua alimentação diária: por exemplo: digamos que ele coma uma fruta que tenha potássio pela manhã, e que somente essa fruta não aumente tanto assim sua taxa.


 


Mas, quando ele almoçar seguramente vai comer algo que também tem potássio, como também, quando jantar também vai comer algo que tenha potássio. Então a soma de todas essas alimentações e mais aquela fruta que comeu, certamente, vai elevar em muito a sua taxa.


 


Então o maior problema não é uma frutinha de nada que comeu, mas sim, todo o conjunto da alimentação no espaço entre uma diálise e outra. É importante o paciente estar se monitorando, tanto na alimentação como no seu tratamento. 


 


Todos estes cuidados, irão lhe garantir um maior tempo de vida útil enquanto estiver no programa da terapia renal substitutiva e dependendo de uma máquina para viver.


ROTINA DE UM PACIENTE RENAL NO CAPD E DPA:


 


O paciente que entra no sistema da TRS - Terapia Renal Substitutiva tem o direito de escolher qual tratamento quer fazer. Essa escolha também depende da orientação médica, pois se houver alguma contra indicação no que diz respeito a essa escolha não há o que fazer.


 


Optando pelo CAPD – Diálise Peritoneal Contínua há toda uma rotina a ser seguida.


 


A primeira providência é colocar um cateter no abdômen do paciente. Isto é feito através de uma cirurgia e dura aproximadamente uma hora.


 


Após a cirurgia, o paciente fica em repouso no hospital, onde depois de um tempo começa a ser feita a infusão do líquido dialisador para dentro do peritônio do paciente. De início é infundido apenas 200 ml a cada uma hora e após permanecer o líquido dentro do peritônio ele é retirado com 30 minutos da infusão, para começar a dilatar o peritônio e ver a sua capacidade de drenagem. Aos poucos dependendo da capacidade do paciente de suportar uma maior quantidade de líquido vai-se aumentando essa quantidade até que chegue de uma vez aos dois litros.


 


Assim a diálise peritoneal possui 3 fases: infusão, permanência e drenagem.


O número de troca de bolsas  bem com a permanência e a drenagem depende da prescrição médica e do tipo de tratamento que escolha e vai de acordo com a característica de cada paciente.


Existem vários tipos de modalidades de diálise:


- Diálise peritoneal Interminente ou DPI – O paciente faz a sua troca da bolsa no hospital durante 48 horas e são trocadas de uma ou duas horas cada, durante pelo menos duas vezes por semana. Pode ser feita manualmente ou por cicladora. Máquina que realiza a diálise fazendo sozinha todos os comandos entre troca, infusão e permanência.


- Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua ou CAPD – Neste tipo de diálise o abdômen do paciente fica sempre preenchido com a solução dialisadora, na maioria dos casos são feita quatro (4) trocas por dia e é a mais adequada para os pacientes crônicos renais. Também pode ser feita manualmente ou através da máquina cicladora.


- Diálise Peritoneal Noturna ou NIPD – Este tipo de diálise é realizada à noite e dura em média 8 horas, tempo adequado para uma pessoa dormir. É realizado pela máquina cicladora e após o término o paciente fica o dia todo livre e seu peritônio vazio.


- Diálise Peritoneal Contínua por Cicladora – CCPD – Este tipo de diálise é também realizado a noite e pela máquina cicladora. Durante o dia o peritônio do paciente fica cheio devido a necessidade ser realizada mais uma ou duas trocas. Depende da prescrição médica. E essa troca pode ser feita manualmente.


Em todos esses tipos de diálise o ambiente deve ser sempre muito limpo, esterilizado e sem ventilação para evitar qualquer tipo de contaminação por bactérias.


O paciente deve seguir toda uma rotina de asseio antes de realizar a troca da bolsa:


Lavar o antebraço e as mãos com sabão amarelo ou povidine, solução esterilizante usada normalmente por médicos na hora de realizar uma cirurgia. Tem alto poder de eliminação de bactérias, durante pelo menos 5 minutos, o enxágüe deve ser em água corrente e deve deixar apenas a água retirar toda espuma ou resíduos do sabão ou da solução.


Deve enxugar os braços fazendo movimentos só de ida e a toalha limpa, deve ser passada a ferro bem quente, antes de ser usada. Após concluir este procedimento o paciente não pode tocar em mais nada, nem tão pouco passar a mão no corpo para evitar contaminação das mãos. De preferência deve aprender a usar luvas esterilizadas para dar maior segurança na hora da troca da bolsa.


De início o paciente renal que entra na diálise é treinado para efetuar a troca de sua bolsa com perfeição e sem risco de contaminação.


Havendo peritonite (infecção do peritônio) o paciente deve se dirigir ao hospital onde faz seu ambulatório médico para ser tratado com antibiótico.


O primeiro sintoma de que algo está errado é o aparecimento de turvidez do líquido drenado do peritônio. Se ocorrer o paciente deve guardar esta bolsa e levar para o hospital imediatamente para que ela possa ser analisada no laboratório e ser identificado que tipo de bactéria vai ser tratada.


Normalmente o paciente faz o tratamento em casa administrando as doses do antibiótico conforme orientação médica.


Estas injeções são administradas na própria bolsa em local apropriado para infusão.


Sob hipótese nenhuma deve o paciente interromper a administração do antibiótico sob pena de ter uma nova infecção e com certeza muito mais difícil de ser tratada.


A perda do peritônio traz sérias complicações para o paciente renal. Tem que ser feita outra cirurgia para retirada do cateter, o paciente perde o peritônio e fica dependendo apenas do acesso vascular (fístula) para realizar seu tratamento.


Por isso, é importante o paciente mesmo tendo escolhido a diálise como seu tratamento, fazer a cirurgia da fístula para que quando ocorra qualquer impedimento de realizar a troca da bolsa ele tenha a alternativa para ser dializado, ou seja, a hemodiálise.


Diferentemente da hemodiálise, a diálise tem algumas vantagens e a maior é que ele fica 24 horas dializado.


 


RESTRIÇÕES ALIMENTARES DO PACIENTE RENAL:


O paciente renal em programa de hemodiálise tem algumas restrições alimentares, mas não é nada que não possa ser seguido sem muitas delongas. É importante lembrar que toda uma rotina de vida deve começar a ser inserida na vida do renal, indo de seus hábitos até sua alimentação.


É obrigatória a assistência ao paciente renal, de um nutricionista na clínica de tratamento. De acordo com as taxas verificadas em exames mensais é passada uma dieta para controlar o cálcio, fósforo, uréia e o potássio bem como outras taxas.


Claro, que cada paciente deve ser monitorado diferentemente, mas no geral há alguns cuidados comuns tem  que ser seguidos pelos pacientes renais.


O controle sobre o sal nos alimentos é imprescindível, procurar sempre comer frutas e verduras que contenham pouco potássio e não abusar de comidas ricas em proteína para não ter sua uréia muito elevada.


Assim, há um roteiro de uma boa alimentação para o renal crônico.


A máquina de hemodiálise retira as toxinas, mas também retira sais minerais e proteínas necessários ao corpo humano. Então é importante nesse tratamento o paciente se conhecer e saber administrar sua alimentação.


As restrições do nutricionista devem ser seguidas, mas há um porém que acho importante salientar.


Por exemplo: na dieta feita pela maioria dos nutricionistas é proibido comer feijão comum, aquele com caldo. E ele é o mais gostoso não é? Então, você pode sim comer, desde que tire o máximo do caldo que é onde está o potássio. Entendeu?


Assim você vai se alimentar melhor, com mais prazer e com certeza não vai perder peso.


Agora não vá tomar um prato de sopa de feijão, que com certeza você dificilmente chegará com vida ao hospital. O potássio em excesso é fatal e age rápido.


Nem olhe para água de coco e carambola. Esses dois já mataram muito paciente renal. Outro exemplo: você pode, para matar a vontade, comer dois bagrinhos de jaca, sentiu o prazer ta bom, se comer mais com certeza não vai ver o novo dia amanhecer. Isto acontece com qualquer fruta que tenha muito potássio. Então não seja tolo. Vida, amigo, só temos uma, e em qualquer circunstancia, vale a pena vivê-la.


Enquanto estiver dependendo de uma máquina para viver, procure se orientar com seu nutricionista e procure comer bem. Uma boa alimentação vai deixá-lo forte e preparado para quando chegar a hora de realizar seu transplante. Na dúvida se pode ou não comer algo, tendo a disponibilidade ligue para a clínica e peça orientação médica.


O paciente renal em programa de Diálise tem menos restrições alimentares visto que ele permanece 24 horas dializado na maioria dos casos.


Já os pacientes renais e diabéticos têm uma maior restrição alimentar devido às complicações decorrentes da diabete. Em todos os casos o paciente deve se alimentar bem, para ficar fortalecido e o organismo poder agüentar bem o seu tratamento.


  


CONSIDERAÇÃOS FINAIS


Receber a notícia de que os rins não funcionam mais e que daquela data em diante vai depender de uma máquina para viver não é fácil. Muitos dos pacientes quando entram no programa hemodialítico, o fazem revoltados e depressivos.


Claro que não há nenhum absurdo nisto, mas é importante ressaltar que neste aspecto, a ajuda da família e dos profissionais da clínica para com o paciente renal, é importantíssima.


Um bom estado psicológico pode levar o paciente a ter uma vida normal, se  ocorrer o contrário, um mau estado psicológico pode levar o paciente renal a querer viver cada dia como se fosse o último de sua vida.


Alguns pacientes renais, ao adrentarem no programa hemodialítico tornam-se chantagistas emocionais, devido à baixa estima e às restrições que o tratamento impõe. É muito comum, vermos nas clínicas, pacientes que estão evoluindo bem no tratamento, chegarem e saírem sem trocar uma palavra, até mesmo, com seus colegas de infortúnio.


A maioria que assim procede, morre antes do que deveria se assim não agisse, pois a tristeza que o acomete faz com que ele perca o sentido da vida.


É aí que a família deve ajudar, fazendo com que ele possa desenvolver alguma tarefa produtiva e mostrando os aspectos da vida em que ele ainda pode usufruir.


É um momento muito difícil para todos os envolvidos neste processo. Até mesmo porque depender de uma máquina para viver não é fácil! Eu costumo dizer que amo a máquina.


E porque digo isto?


É simples. A máquina permite que eu permaneça vivo, e eu amo minha vida, acho que foi um presente de Deus estar fazendo parte deste mundo.


Sempre que acontece algo de ruim comigo costumo dizer “poderia ser bem pior” e de vez em quando me pergunto: E se eu não tivesse aceitado o meu tratamento? Estaria agora entre meus familiares? Estaria vivo para desfrutar da companhia de meus filhos, da companhia dos que eu amo? Claro que não.


Então, o caminho para aceitar as adversidades da vida é ter a clareza do que é mais importante. A vida ou a Morte? A vida você conhece, já viveu uma boa parte dela. E a morte? você sabe o que lhe espera? E as pessoas que você ama e por quem é amado? Será que merecem esse seu gesto de abandonar sua vida?


A inteligência humana colocou toda essa tecnologia para você viver, com mais ou menos restrições, mas ela está aí para lhe prestar assistência, para lhe dar a condição de seguir seu caminho até o fim sem desistir nunca. Ela está ai para que você possa deixar o exemplo que apesar dos pesares, você pode vencer a doença.


Portanto, a todos vocês meus colegas de infortúnio, familiares, médicos, enfermeiros, todos, que de alguma forma estejam envolvidos com a TRS - Terapia Renal Substitutiva, desejo que continuem cada um fazendo a sua parte, colaborando para que a doença renal não seja, jamais, denominada como uma doença terminal.


Aqui está um exemplo de que apesar de todas as cirurgias, de um transplante rejeitado, da volta a hemodiálise, da perda da audição, dos cristalinos artificiais, nunca, em tempo algum, nestes 21 anos de tratamento, duvidou que um dia não poderia vencer a doença.


Posso dizer com orgulho de que além de ter enfrentado a doença, colaborei para que todos nós colegas de infortúnio tenhamos hoje, declarado pela ANVISA - Agência Nacional de Saúde, como a melhor hemodiálise do Brasil.


E este orgulho agora é completado com muita emoção pela realização deste trabalho e que em breve todos os pacientes renais e profissionais da área da nefrologia do Brasil poderão usufruir dos ensinamentos que neles aqui se encerram.


Assim, ponho o ponto final neste livro, certo de que cumpri minha função de cidadão e Presidente da ASPARPE – Associação dos Pacientes Crônicos Renais e Transplantados do Estado de Pernambuco, e, paciente renal há 21 anos.


Espero que o caro leitor tenha a consciência de que na vida temos de ter uma opção, temos de ter atitude para deixar um legado de seriedade e esperança de uma vida mais digna e mais justa.


Espero que o caro leitor tenha a consciência de que na vida temos de ter uma opção, temos de ter atitude para deixar um legado de seriedade e esperança de uma vida mais digna e mais justa.


 


 


Proibido alterar texto, preservado pala lei de Direitos autoriais. Livro Enfim o Transplante


2ª Edição do Autor José Carlos de Queiroha Maciel.